A dieta detox tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos um pouco por todo o mundo. É muito comum o recurso a dietas líquidas compostas por batidos de frutas e vegetais, com exclusão de fontes animais para ajudar o corpo a eliminar toxinas que se foram acumulando após excessos alimentares e consumo de medicamentos. Será funcional? Como é que o nosso organismo se desintoxica e como podemos ajudá-lo?
O PROCESSO DETOX
A desintoxicação é um processo muito complexo que ocorre nas nossas células 24 horas por dia e 7 dias por semana, independentemente da alimentação praticada. É responsável pela eliminação de substâncias indesejáveis, tornando-as menos tóxicas e mais solúveis em água para poderem ser eliminadas na urina, fezes e bílis.
A maioria das vias de desintoxicação ocorrem no fígado e nas células que revestem o intestino, o cólon e o apêndice, e em menor grau no cérebro, pulmões, rins e pele. Este processo requer proteínas de alta qualidade, uma grande quantidade de vitaminas do complexo B, minerais (selénio, cobre, zinco, manganésio) e energia (isto é, calorias) para a produção das enzimas envolvidas nas vias de desintoxicação. A presença de antioxidantes (vit. A, C e E), fitoquímicos, tióis, coenzima Q-10, gorduras e curcumina também deve estar garantida.
O PAPEL DA ALIMENTAÇÃO
Todos os componentes envolvidos na desintoxicação do corpo estão presentes nos alimentos, cujo poder de atuação é muito superior que a toma isolada sob a forma de suplementos. Por exemplo, uma maçã contém mais de 700 fitoquímicos diferentes! É preferível comer o fruto inteiro que procurar os efeitos isolados de um dos seus componentes pela suplementação.
De seguida apresentam-se algumas das muitas fontes alimentares que auxiliam a eliminação de toxinas.
– Proteínas: carne magra, peixe, crustáceos, ovos, queijos e iogurtes, e leguminosas.
– Hortícolas: legumes crucíferos como brócolos, couve-flor, agrião e outros vegetais verdes; alho e cebola; abóbora, cenoura, tomate, batata-doce, pimento vermelho, acelga, variedades de feijão, lentilhas, soja, couve de alfafa, coração de alcachofra.
– Frutas: mirtilos e amoras, maçã, cerejas, uvas, romãs, framboesas, melão, laranjas, damascos, tangerinas, banana, pêssego.
– Gorduras: azeite extra virgem, abacate, sementes de linhaça, cânhamo e girassol.
– Frutos oleaginosos: amêndoa, caju, amendoim, avelãs.
– Cereais: aveia, arroz integral, trigo integral.
– Especiarias e ervas aromáticas: pimenta, aipo, alecrim, açafrão.
– Outros: chá verde (presença de polifenóis) e alga clorela (estudos animais mostram ter a capacidade de inibir a absorção intestinal de metais pesados e poluentes orgânicos).
AS 10 DICAS CHAVE
- Beber água e/ou infusões sem adição de açúcar, até urina clara e sem cheiro.
- Praticar exercício físico regular (promove a produção de enzimas antioxidantes e anti-inflamatórias).
- Consumir sopa antes das principais refeições e ingerir bastantes legumes (alface não conta).
- Optar pela fruta como sobremesa e/ou aos lanches (efeito diurético e rica em vitaminas e minerais)
- Eliminar o excesso de gordura corporal (local que armazena metais pesados).
- Garantir o bom funcionamento do intestino (hidratação, consumo de fibras e probióticos).
- Limitar as bebidas alcoólicas a épocas ocasionais.
- Não fumar.
- Garantir as 8h de sono, com horários regulares (período de produção de enzimas).
- Diminuir a exposição alimentar a contaminantes químicos:
– Excluir as partes queimadas/carbonizadas dos grelhados e assados e do pão torrado;
– Não consumir alimentos com gorduras trans (gorduras transformadas) como bolos embalados, bolachas recheadas, fritos, croissants, alguns gelados.
– Aquecer as refeições em recipientes de vidro em vez de plástico;
– Peixes do topo da cadeia alimentar possuem mais metais pesados. Consumir de preferência peixes de pequenas dimensões como a sardinha, carapau, faneca, cavala e verdinhos.
Em suma, podemos concluir que uma alimentação nutritiva, com alimentos da época, a hidratação assegurada e a prática de exercício físico ao longo de todo o ano é o fundamental para a desintoxicação do nosso corpo!
Bibliografia:
Cline JC. Nutritional aspects of detoxification in clinical practice. Altern Ther Health Med. 2015 May-Jun;21(3):54-62. PMID: 26026145.
Parvin Farzanegi,Amir Dana,Zeynab Ebrahimpoor, Mahdieh Asadi &Mohammad Ali. Mechanisms of beneficial effects of exercise training on non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD): Roles of oxidative stress and inflammation. SPORTS AND EXERCISE MEDICINE AND HEALTH. 2019 Feb, pages 994-1003